De acordo com os especialistas consultados pelo Suno Notícias, a expectativa é de que a taxa básica de juros seja mantida aos 13,75% ao ano — pela sexta vez consecutiva.
Embora o novo arcabouço fiscal tenha enfim sido entregue pela equipe econômica do Ministério da Fazenda, a proposta ainda traz indefinições: como os efeitos sobre as expectativas de inflação, câmbio, além da curva de juros.
“Ainda que apresentação da proposta para o novo arcabouço fiscal possa contribuir para limitar incertezas e reduzir o risco fiscal estrutural, a evolução da trajetória da dívida pública ainda deve ser mencionada como risco de alta, junto com a piora das expectativas de inflação para horizontes mais longos”, explica o economista-chefe do Itaú Unibanco (ITUB4), Mário Mesquita.
Por outro lado, o economista destaca as incertezas da inflação brasileira em meio a uma desaceleração global mais pronunciada, a queda adicional dos preços de commodities e uma redução na concessão doméstica de crédito maior do que a esperada.
E por falar em inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação, ficou em 0,57% em abril — inferior na comparação com as de março deste ano (0,69%) e de abril do ano passado (1,73%).
Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 4,16%, abaixo dos 5,36% registrados em janeiro e é o menor nível desde outubro de 2020, conforme projeções recentes do Boletim Focus.
Já no cenário internacional, em meio à guerra na Ucrânia e episódios de bancos quebrando, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, encerre o ciclo de alta de juros em breve e inicie o processo de cortes na taxa de juros em setembro.
Cenário econômico melhor
Segundo Gustavo Sung, economista-chefe do Suno Research, há um processo de desinflação em curso. Contudo, alguns grupos importantes continuam elevados e, quando é calculada a média móvel de três meses anualizados, os números não são tão bons.
Ainda de acordo com o economista, na mesma direção o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (RCN), declarou que inflação dá sinais de desaceleração, mas em passos lentos – ou seja, a batalha não está vencida.
“É preciso esperar mais dados para entender a evolução do processo inflacionário brasileiro, mas o panorama atual é melhor do que meses atrás”, pontua Sung. Porém, ele destaca que após observar todos esses pontos, o cenário atual é melhor do que meses atrás.
“Acreditamos que se abriu uma janela de oportunidades para que o Copom comece uma discussão inicial sobre cortes na taxa de juros. Poderia até diminuir o tom duro do comunicado”, frisa.
Tom do comunicado do Copom
Para o estrategista-chefe da Warren, Sérgio Goldenstein, o Copom deve continuar com um tom hawkish [elevação de juros e contração monetária] e sinalizar que segue vigilante, de forma a assegurar a convergência da inflação.
O economista ainda lembra que na última ata o comitê atribuiu grande peso à piora das expectativas de inflação a fatores como:
- seu aspecto fundamental na dinâmica inflacionária e no processo decisório do Copom;
- risco altista para a inflação de uma desancoragem maior ou mais duradoura das expectativas de inflação para prazos mais longos;
- desancoragem demandar maior atenção na condução da política monetária, elevar o custo da desinflação e representar o principal fator para a elevação das projeções de inflação do Copom.
Segundo Goldenstein, a estabilidade recente das expectativas não deixa de ser uma notícia positiva, mas o desvio elevado em relação à meta de inflação gera desconforto e afeta as projeções do BC.
“Nesse sentido, o tom em geral do Comitê deve continuar duro, mesmo que admita algumas indicações positivas, tendo em vista o firme propósito de promover a reancoragem das expectativas”, afirma.
Os analistas do Goldman Sachs também preveem que a ata do Copom permanecerá conservadora. “[O Banco Central] preservar uma postura restritiva e permanecer vigilante é justificado pelas ainda intensas pressões dos núcleos da inflação, maior deterioração da expectativa de inflação de curto e médio prazo, crescente estímulo fiscal e quase-fiscal e projeções de inflação acima da meta”, afirmam.
Quando a Selic vai cair?
Todos os especialistas consultados pelo Suno Notícias, entre bancos e corretoras financeiras, apontam que o Copom fará a sexta manutenção consecutiva da taxa básica de juros. A queda, da Selic, no entanto, está prevista para acontecer apenas no segundo semestre do ano. Confira abaixo:
Instituição | Copom maio/2023 | Corte na Selic |
Associação Brasileira de Bancos (ABBC) | 13,75% | a partir de setembro |
BTG Pactual | 13,75% | a partir de setembro |
Daycoval Asset | 13,75% | a partir de setembro |
Goldman Sachs | 13,75% | a partir de setembro |
Itaú Unibanco | 13,75% | a partir de setembro |
Paraná Banco | 13,75% | a partir de setembro |
Suno Research | 13,75% | a partir de agosto |
Warren Investimentos | 13,75% | a partir de setembro |